quinta-feira, 29 de junho de 2017

Estrada, Deserto ou Colônia?

ESTRADA, DESERTO OU COLÔNIA? (Grayman Opsec)


Fazendo oposição a ideia de uma vida luxuosa, cheia de facilidades e confortos, a ideia de viver 'off
grid' ou fora do sistema tem ganhado vários adeptos ao redor do mundo, principalmente com o avanço do compartilhamento de ideias e técnicas de sobrevivência além do aparato técnico, a cada ano surgem novos equipamentos relacionados a temática que prometem ajuda-lo a se virar sozinho.

A motivação para essa atitude geralmente está no inconformismo com o atual padrão de vida levado por muitas pessoas, poluição, doenças, violência, tudo está interligado, e o ideal na maioria das vezes é a inspiração em personalidades hoje em dia muito populares devido as histórias propagadas em livros e filmes, a romantização do tema afeta um público alvo como jovens, pessoas na maioria das vezes com capacidades de sobrevivência militar, saúde atlética e com certo desenvolvimento intelectual literário ‘”Londoniano” e “Thoreautiano”, em alusão as obras americanas, o chamado selvagem e Walden-vida nos bosques.

Pode-se afirmar que o objetivo é o mesmo e com várias justificativas, más geralmente o padrão de vida 'off grid' obedece três categorias que se diferenciam pelo tempo de isolamento e pelo modus operandi do interessado nesse tipo de vida, pensando nisso penso fazer uma humilde tentativa de esclarecer alguns eventuais problemas que você interessado provavelmente vai enfrentar.

O primeiro tipo de isolamento imita o comportamento do mochileiro aventureiro, geralmente pessoas que decidiram dar uma “guinada” na vida de forma radical, claro que existem pessoas que com a prática conseguem se tornar profissionais nesse estilo de vida, vale lembrar que muitos optam por fazer esse estilo de prática mais inspirado no Christopher Johnson MacCandless, um jovem americano que adotou o pseudônimo de “Alexander Supertramp” e decidiu partir numa jornada espiritual rumo ao Alasca, o mesmo realizou sua derradeira viagem com pouquíssimos recursos, inclusive sem dinheiro, (ele queimou seu dinheiro inicial e depois conseguia trabalhos periódicos para ganhar o sustento ao longo da viagem), que para ele era interpretado como um objeto escravizador dos homens, alguns podem decidir fazer o mesmo, porém com uma maior seguridade, ir sacando dinheiro de pontos estratégicos ao longo do caminho, esse tipo de pessoa planeja meticulosamente tudo dentro de uma margem de erro calculada, se trata de um turista um pouco mais radical, o perigo constante nesse tipo de viagens é a própria segurança do andarilho, assaltos, estupros ou até outros tipos de acidentes podem acontecer caso você não tenha o que é preciso para se virar em determinado tipo de ambiente o qual planeja ir, principalmente quando se está sozinho.

O segundo tipo se parece muito com o primeiro, é o ermitão que em casos mais radicais, começa sua peregrinação e acha um lugar para se apascentar, como o Everett Ruess, americano que na década de 30 começou seu retiro em áreas áridas dos Estados Unidos, como Arizona, New Mexico, Utah e Colorado, o mesmo também providenciou mudar de nome e assumir outra identidade, o destino dele dificilmente poderia ser diferente do de Chris MacCandless, muito se passou até conseguirem identificar seus restos mortais, esse tipo de isolamento possue os mesmos riscos do estilo andarilho, o perfil psicológico é diferente de um simples mochileiro, nesse tipo de pessoa as motivações antissociais para se adotar esse tipo de vida geralmente estão baseadas em históricos de desilusão, violência e perdas, “a sociedade, o coletivo é mal”, “o homem é bom, o meio o corrompe”.

O terceiro e último tipo, mantém uma semelhança com o primeiro, porém na maioria dos casos a pessoa que decidiu adotar esse estilo de vida demorou muito para tomar esse tipo de decisão e já o fez quando tinha certa âncora social como a família, daí a família é levada junto, ao verdadeiro estilo “Capitão Fantástico” o aspecto positivo é que por estar em família a sobrevivência é facilitada o que deixa tudo mais confortável, o pais procuram dar uma certa segurança a vida dos filhos, então conseguem lhes oferecer o mais básico a sobrevivência como uma garantia, o lado ruim é a privação que os filhos terão (principalmente se estiverem na infância) referente a contato com outras crianças e possivelmente perderá suas capacidades de socializar com outros, os mesmos se sentem inadequados, quando são forçados a isso, como o jovem personagem do filme mencionado, isso apenas em casos extremos de isolamento, já comprovados a existência.

Na maioria dos casos observados pessoas que adotam o segundo e terceiro estilo de vida, mantem em si a dúvida se conseguirão sobreviver sem auxílio, então se instalam a algumas milhas de algum foco de população, porém caso realmente precisem de ajuda, terão que percorrer essa distância, dependendo da situação seria necessário prever essa situação de enrascada com uma boa antecedência, pois ninguém doente consegue fazer longos percursos já em leito de morte... além disso, o fato de não conseguir produzir todos os bens essenciais a sobrevivência, como os próprios remédios que necessitam de manipulação química, faz com que os “isolados” produzam algo para venda, caso não queiram esmolar para obter os itens, o que requer muita determinação e perspicácia para o comércio dos produtos, coletas de produtos naturais regionais, como ervas, raízes, frutas, peles de animais, ou até mesmo atuar como guias é algo comum para essas pessoas...

O último problema relacionado ao estilo de vida recluso em família, como um colono é a própria necessidade dos membros jovens familiares obterem outros tipos de recursos que habitam seus imaginários, ou até mesmo a necessidade de arranjar um parceiro ou parceira e continuar a família.

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Texto de Grayman Opsec - Blog SOBRE.VIVÊNCIA